Pular para o conteúdo
  • Home
  • Sobre
  • Postagens
  • Agenda e Eventos
  • Livros
  • Parcerias
    • LovePlan
    • Papo de Casal
  • Contato
Menu
  • Home
  • Sobre
  • Postagens
  • Agenda e Eventos
  • Livros
  • Parcerias
    • LovePlan
    • Papo de Casal
  • Contato

Cheio de tabus e restrições, o cu merece todo o respeito

por Breno Rosostolato

Vamos a algumas particularidades. Aqui vai um mapeamento. O reto recebe este nome por ser quase retilíneo. Este segmento do intestino grosso termina ao perfurar o diafragma da pelve, músculos, levantadores do ânus, passando a se chamar de canal anal. O canal anal apesar de curto – três centímetros de comprimento – é importante por apresentar algumas formações essenciais para o funcionamento intestinal, no caso, os esfíncteres anais.

O esfíncter anal interno é o mais profundo, e resulta de um espessamento de fibras musculares lisas circulares, sendo consequentemente involuntário. O esfíncter anal externo é constituído por fibras musculares estriadas que se dispõem circularmente em torno do esfíncter anal interno, sendo este voluntário. Ambos os esfíncteres devem relaxar antes que a defecação possa ocorrer.

Esta é a anatomia da região do corpo que é mais mal falada. Uma pena, porque o poder que este lugar possui é fascinante. Cheio de tabus e restrições, o cu merece todo o respeito. Zona erógena e que possui inúmeras inervações excitáveis necessárias para o controle da evacuação. O prazer é pessoal, íntimo e intransferível. Cada um possui liberdade para vivenciá-lo. Autonomia e coragem para admitir isso são outras questões.

Respeito

O ânus é execrado e as pessoas deveriam ter mais respeito com um órgão do sistema digestivo, assim como a boca o é. Sujo ele é tanto quanto o pênis ou a vagina, se não bem higienizados, portanto o argumento de que ali não se pode obter prazer chega a ser ingênuo. É, sim, uma região erógena, e olha que nem vou recorrer a Freud, que já afirmava que um dos prazeres iniciais advém da fase anal durante a infância.

Libertem o cu. Ele é um órgão sexual, sim, e deve ter seus louros. Diga-se de passagem, qualquer outra parte do nosso corpo pode ser excitável e utilizado na prática sexual. Liberdade ao corpo, permissões e autonomia são imprescindíveis para nos autorizar ao prazer. As normas heteronormativas tentam calar o cu e não vão conseguir. São os controles sociais ao corpo que Michel Foucault já denunciava.

E ainda tem mais. A prática do sexo anal é histórica, e a fama do cu é antiga. Era natural na Mesopotâmia, inclusive fazia parte dos cultos religiosos dos assírios. Na Antiguidade, registros demonstram que alguns casais usavam o sexo anal como método anticoncepcional. Na Roma antiga, na noite de núpcias os homens se abstinham de tirar a virgindade da noiva em consideração à sua timidez, entretanto, praticavam sexo anal com ela.

Grécia

Na Grécia, a prática do sexo anal era comum e não existia a concepção de pecado, logo, não era uma relação recriminada. Entre dois homens, o formato passivo/ativo dependia da experiência de um e de outro. O Cristianismo e a Santa Inquisição, mais tarde, se encarregaram de criminalizar o ato. Considerado como condenação divina e classificada como ‘sodomia perfeita’ (cópula anal homossexual com ejaculação interna). Daí que desde então, a prática anal foi severamente recriminada e passível de punição para seus adeptos.

Outro argumento que demoniza o ânus e desqualifica o sexo anal é que esta relação seria ‘antinatural’ porque não gera a reprodução da espécie humana. O problema em concordar com esta afirmação é considerar que qualquer relação sexual só possa acontecer, então, com propósitos de reprodução, e nós sabemos que o sexo é muito gostoso para se resumir a isso. E não só pelo prazer. O ser humano necessita ser mais do que isso.

Estamos num momento social em que o corpo pefe para ser de fato reconhecido e o ânus reivindica sua importância. Os filósofos franceses Gilles Deleuze e Félix Guattari já se referiam a esta concepção na obra ‘O anti-édipo’, de 1972. Nós não transamos apenas com pênis, vaginas ou ânus, mas transamos com nossos corpos e gêneros, portanto, é simplista a prática sexual à partes específicas do corpo. Somos todos erógenos da cabeça aos pés.

Vai tomar

Quanto ao cu, vai tomar no cu. O tomar não é beber, mas apropriar-se, tomar para si. Apoderar-se. O cu vai tomá-lo para si o que é dele, o prazer, a vontade, as sensações e o desejo.

São Javier Sáez e Sejo Carrascosa, autores do livro ‘Por el culo – políticas anales’, nos conduzem a uma reflexão a respeito do cu e todos os preconceitos  que o cercam. Reflexão que considero muito pertinente:

‘[…] ver o que o cu põe em jogo. Ver por que o sexo anal provoca tanto desprezo, tanto medo, tanta fascinação, tanta hipocrisia, tanto desejo, tanto ódio. E, sobretudo, revelar que essa vigilância de nossos traseiros não é uniforme: depende se o cu penetrado é branco ou negro, se é de uma mulher ou de um homem ou de um/a trans, se nesse ato se é ativo ou passivo, se é um cu penetrado por um vibrador, um pênis ou um punho, se o sujeito penetrado se sente orgulhoso ou envergonhado, se é penetrado com camisinha ou não, se é um cu rico ou pobre, se é católico ou muçulmano. É nessas variáveis onde veremos desdobrar-se a polícia do cu, e também é aí onde se articula a política do cu; é nessa rede onde o poder se exerce, e onde se constroem o ódio, o machismo, a homofobia e o racismo’.

De fato, uma política do cu se faz necessária, até para exorcizar equívocos sexuais. Ter prazer no ânus não possui nada de homossexual. Orientação sexual não é definida por órgãos e/ou genitais. Para aqueles homens que possuem tanto medo do prazer anal, arrisque-se.

Desde um anilingus, receber aquela lambidinha básica ou até mesmo um ‘pegging’, quando a mulher usando um ‘strap-on dildo’ (cinta com um pênis artificial) penetra o companheiro, você não sabe o que está perdendo. Ok, ok. Está envergonhado, né? Faça você mesmo. Toque-se. Apalpe-se, esfregue-se. Cutuque aquilo que está latente. Atice as pregas do preconceito. Um prêmio para quem adivinhar: o que o cu disse para a heteronormatividade?

  • artigos, Textos
  • breno, breno rosostolato, cu, prazer, psicologia, psicologo, respeito, restrição, sexo, sexualidade, tabus, terapeuta, terapeuta de casal, terapeuta sexual, terapia
AnteriorPrevious PostSabe o que é sapiossexual? Talvez você seja e nem saiba.
Next PostCOMPORTAMENTOSEXUAL,OG-ZERO-YPróximo

ARROMANTICIDADES

PESSOAS NÃO-BINÁRIAS

FOBIA SOCIAL

Assine a newsletter

Preencha o formulário e receba os novos conteúdos em primeira mão

Instagram Youtube Facebook
LGPD
  • Política de Privacidade
  • Termo de uso
Contato
  • +55 11 98425-3786
  • De segunda a quinta on-line:
    das 15h às 22h

    Sexta on-line: das 8h às 12h
    Sexta presencial: das 15h às 22h
  • contato@brenorosostolato.com.br
  • Avenida Marquês de São Vicente, 576
    Sala 1.101 - Barra Funda

Breno Rosostolato. Todos os direitos reservados. L3 Comunicação

Importante
Este site utiliza cookies que podem conter informações de rastreamento sobre os visitantes. Ao continuar a navegar neste site você concorda com o uso de cookies.

Customize Cookies ×

Necessary
Necessary cookies are required to enable the basic features of this site, such as providing secure log-in or adjusting your consent preferences. These cookies do not store any personally identifiable data.
Cookies
cookie Description Expiry Date
Functional
Functional cookies help perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collecting feedback, and other third-party features.
Cookies
cookie Description Expiry Date
Analytics
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics such as the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Cookies
cookie Description Expiry Date
Performance
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Cookies
cookie Description Expiry Date
Advertisement
Advertisement cookies are used to provide visitors with customized advertisements based on the pages you visited previously and to analyze the effectiveness of the ad campaigns.
Cookies
cookie Description Expiry Date
Others
Other uncategorized cookies are those that are being analyzed and have not been classified into a category as yet.
Cookies
cookie Description Expiry Date

Estou on-line