[…] Acontece que ao contrário do que se esperava com todo o simbolismo da queda do muro de Berlim, uma nova era de ideologias e abertura entre os países, parece não ter acontecido exatamente assim. Vão se erguendo ao redor do mundo inúmeros preconceitos e arbitrariedades de concreto, madeira e aço. São verdadeiros cercados de intolerância, obstáculos de discriminações que denunciam um passado de guerras, divergências, violência e conflitos que não foram resolvidos.
Um passado muito presente e que alguns países cultivam os fantasmas deste passado. Ao se deparar com estas construções somos remetidos a prisões, verdadeiras jaulas, talvez porque o homem seja realmente o selvagem e prefere ignorar este passado do que aprender com ele. Fato é que as cisões, as divisões e o mais grave, as separações que estas construções criam na sociedade vão para além do terror de ficar longe de quem se ama ou não permitir o livre-arbítrio, mas são os muros emocionais que são levantados dentro de nós que realmente são os mais preocupantes. Muros que são intransponíveis porque são construídos pelo preconceito e a discriminação.
Muros que marginalizam todos que desejam se aproximar. Muros que classificam as pessoas e que resultam nas verdadeiras violências urbanas. Ricos que não convivem com os pobres, pessoas que não toleram o diferente, sujeitos que vivem em padrões específicos e aniquilam quem não vive ou pensa como tal.
O jovem que desdenha o idoso por não valorizar a experiência. A homofobia, a misoginia e o racismo são os muros que exterminam. Devemos travar lutas, as nossas lutas internas, começando por demolir os nossos próprios muros, para assim, conseguir enxergar o que de fato está do outro lado.
Breno Rosostolato